A região de Itapeva, a sudoeste do Estado de São Paulo, do ponto de vista geológico está inserida na borda leste da Bacia Sedimentar do Paraná, em um contexto geológico muito influenciado por movimentos tectônicos durante a era proterozóica e era mesozoica.
A evolução geológica, além das alterações ambientais, produziu uma diversidade de estruturas como falhamentos, dobramentos, intrusões básicas, intrusões graníticas, também é responsável pela abundância metalogênica que torna a região de Itapeva repleta de bens minerais exploráveis como o filito, calcário, talco e cobre. Isso significa a presença de uma grande variedade litológica, que requer atenção durante a pesquisa mineral.
Muitas vezes a pesquisa mineral em terrenos de maior complexidade geológica exige uma varredura mais detalhada das heterogeneidades litológicas em questão. Isso sem dúvidas, significa um custo maior e custos excessivos quando a pesquisa é mal planejada, muitas vezes, com resultados ineficientes.
Métodos geofísicos são técnicas de investigação indireta, em geral, mais rápidas e relativamente de menor custo comparadas a técnicas de investigação direta, por não recolherem amostras. São métodos que utilizam o contraste de propriedades físicas intrínseco a meios investigados para delimitar anomalias e auxiliam em investigações diretas, como sondagens, direcionando os trabalhos de pesquisa de acordo com as anomalias apontadas.
Alguns métodos geofísicos são perfeitamente aplicáveis em pesquisa mineral na região de Itapeva. A variedade litológica decorrente do contexto geológico pode, muitas vezes, ser denunciada por esses métodos de pesquisa, desde que haja um contraste visível entre uma propriedade física inerente dos meios litológicos investigados (Loke, 2000).
As principais propriedades físicas investigadas na litologia são resistividade elétrica, contrastes de densidade, velocidade de propagação de ondas acústicas, elásticas e campo magnético da terra. É sempre importante buscar uma propriedade física que seja muito diferente em cada um dos meios que se investiga (Brito e Oliveira, 1998).
As técnicas geofísicas são aplicáveis em situações onde é necessário a delimitação de corpos básicos, zonas de falhas ou fraturas, delimitação de depósitos de minerais metálicos, cobertura de solo sobre rocha sã, plumas de contaminação no solo e em água subterrânea, delimitação de depósitos de argila ou areia.
Entre essas técnicas, os métodos geoelétricos se destacam pela facilidade de aquisição e processamento dos dados, além de serem eficientes em uma grande gama de investigações, duas das mais utilizadas são a eletrorresistividade e o método eletromagnético indutivo.
O método da eletrorresistividade consiste na injeção de corrente elétrica no solo através de dois eletrodos e na medição da diferença de potencial por outros dois eletrodos. São encontrados valores da resistividade elétrica aparente dos materiais por onde a corrente elétrica percorre, englobando solo, rocha e influência do nível freático (Borges, 2002).
Uma das formas de aplicação do método de resistividade elétrica é a SEV, sondagem elétrica vertical que consiste em leituras da resistividade em um determinado ponto, mas em várias profundidades, como em uma sondagem vertical com o objetivo de investigar as interfaces horizontais abaixo do ponto de interesse em superfície. Outra forma de aplicação do método é através do caminhamento elétrico, determinando variações de profundidade do embasamento (Kearey et al., 2009).
A Eletrorresistividade é muito utilizada para definir espessuras de estratos e para definir o nível de água subterrânea. Também indica presença de materiais condutores como minerais metálicos ou grafita, ou, os íons em meio aquoso presente nos poros e fissuras dos solos e rochas, pois a maior parte dos minerais formadores de rochas são isolantes. A resistividade dos solos e rochas é influenciada pela porosidade, quantidade de água na rocha e teor de sais dissolvidos. O aumento no valor desses fatores leva a uma diminuição da resistividade (Lago, 2009).
O Método Eletromagnético Indutivo é uma técnica de fácil aquisição de dados em várias profundidades, é versátil em campo e pode varrer grandes áreas em pouco tempo, sendo relativamente rápido e barato (McNeil, 1980). Ele mede e compara a facilidade com que a corrente elétrica induzida flui através dos materiais (solo ou rocha), ou seja, a condutividade elétrica dos terrenos. Porém, esse método tem seu emprego limitado em áreas próximas de estruturas metálicas, fios de alta tensão e tambores metálicos (McNeill, 1980).
Os solos têm a característica de serem pouco condutores, exceto pela presença de minerais metálicos ou grafia, como pode ocorrer em situações na região se o alvo da pesquisa for o cobre, ou então uma camada de filito grafitoso. O fluxo de corrente elétrica através do solo também ocorre pela presença de água ou de uma pluma de contaminação (Kearey et al.,2009).
Também são medidos os campos eletromagnéticos produzidos pelos materiais por onde é conduzido a corrente elétrica. Os receptores captam as diferenças entre os campos eletromagnéticos transmitido e recebido fornecendo informações sobre sua geometria e suas propriedades elétricas.
Em geral, os métodos geoelétricos são aplicáveis em uma profundidade rasa e podem ser atrapalhadas por “ruídos” produzidos por interferências nos dados oriundas de estruturas urbanas. Isso limita o uso das técnicas, mas quando podem ser empregadas, e principalmente se for utilizado uma combinação de técnicas geofísicas, os dados obtidos representam uma grande contribuição para a investigação.
A Chiavini & Santos possui técnicos capacitados para a interpretação de dados geofísicos e está pronta para auxiliar no planejamento de pesquisa mineral, conduzindo o seu processo minerário com responsabilidade, eficácia e agilidade. Entre em contato conosco!
Autor do artigo: Geólogo André Mauro Gomes.
REFERÊNCIAS:
BRAGA, ANTONIO CELSO DE OLIVEIRA. Geogísica aplicada: métodos geoelétricos em hidrogeologia / Antonio Celso de Oliveira Braga. São Paulo: Ofinica de Textos, 2016.
BRITO, S.N.A; OLIVEIRA, A.M.S. Geologia de engenharia. São Paulo: Oficina de textos, 1998. 587 p.
COSTA, WALTER DUARTE. Geologia de barragens / Walter Duarte Costa. São Paulo: Oficina de Textos, 2012.
LOKE, M.H. Electrical imaging surveys for environmental and engineering studies. A pratical guide to 2-D and 3-D surveys. 2000.
KEAREY, P.; BROOKS, M.; HILL, I. Geofísica de exploração. São Paulo: Oficina de textos, 2009. 438 p.